Em evento preparatório para a Cúpula das Nações Unidas Sobre Sistemas Alimentares, que será realizada em setembro, em Nova York, a ministra Tereza Cristina, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), defendeu nesta segunda-feira (22/3) a agricultura tropical brasileira como exemplo de produção altamente sustentável que pode ser exportado para outras regiões tropicais do mundo e criticou o movimento de países desenvolvidos.
“Em vez do reconhecimento do papel da agricultura tropical como provedora de segurança alimentar e serviços ecossistêmicos, vemos a valorização desses conceitos excludentes e restritivos que buscam classificar como sustentáveis apenas as práticas agrícolas de países desenvolvidos, amparadas por vultosos subsídios que premiam a ineficiência.”
A ministra enumerou as várias transformações dos últimos 50 anos que revolucionaram a agricultura brasileira, como o plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta, a realização de duas ou três safras por ano na mesma área, a preservação de 66% da área de mata nativa nacional e o fato de 46% da matriz energética brasileira ser composta de fontes renováveis.
“Apesar disso, temos sofrido ataques no cenário internacional. Busca-se rotular o Brasil como inimigo do meio ambiente. Ignora-se a queima de combustível fóssil de 200 anos dos países desenvolvidos e atribuiu-se ao desmatamento da Amazônia a responsabilidade pela mudança climática.”
Para Teresa Cristina, o Brasil é o único país do mundo capaz de aumentar a produção de alimentos junto com a conservação dos recursos naturais.
Manoel Otero, diretor geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), disse que o Brasil é um dos principais atores da agricultura mundial, garantindo segurança alimentar e nutricional ao planeta. “O Brasil tem uma oportunidade de ouro de levar todo o conhecimento, tecnologia e inovação de sua agricultura tropical para os outros países da América do Sul.”
Celso Moretti, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), também destacou que o Brasil criou um modelo de agricultura tropical sustentável movido à ciência e inovação sem paralelo no mundo, tanto que tornou possível a produção de carne carbono neutro. “Agora, em parceria com uma grande multinacional do setor lácteo, vamos produzir o leite de baixo carbono e a seguir, couro de baixo carbono e bezerro de carbono neutro.”
As lives da Semana Internacional da Agricultura Tropical (Agritrop) seguem até a próxima sexta (26/3). Além de discutir subsídios para a delegação brasileira levar para a cúpula em setembro, o evento presta um tributo ao ex-ministro da Agricultura e fundador da Embrapa, Alysson Paolinelli, indicado para o prêmio Nobel da Paz por sua contribuição ao desenvolvimento da agricultura tropical.
Paolinelli, cuja indicação tem o apoio de 24 países, disse que, em nenhum momento, o Brasil produziu tanto alimento como agora, de forma sustentável e com qualidade tão boa para alimentar 800 milhões de pessoas. “Apesar disso, pessoas ainda passam fome no mundo. É necessário um pacto social global para levar nosso modelo de agricultura tropical para regiões pobres do mundo, como África e partes da Ásia, a fim de prover a alimentação necessária da população e gerar renda.”
Fonte: Globo Rural
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